sábado, 29 de fevereiro de 2020

Sagres em Buenos Aires

Atravessar o rio e, na margem oposta, encontrar Buenos Aires.


Da capital do Uruguai à capital da Argentina é um salto. 

A saída do Sagres será no próximo dia 3, mas a direção que vai tomar não é a que Fernão de Magalhães seguiu... 

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

Sagres em Montevideu, com Camões

À falta de uma estátua de Magalhães, elementos da tripulação tiraram uma fotografia junto à estátua de Luís de Camões, na Plaza Portugal.


Luís de Camões, que questionou a lealdade de Magalhães. À época, essa era a leitura natural.

Mas cá onde mais se alarga, ali tereis
parte também, co pau vermelho nota;
De Santa Cruz o nome lhe poreis;
Descobrila-á a primeira vossa frota.
Ao longo desta costa, que tereis,
Irá buscando a parte mais remota
O Magalhães, no feito, com verdade,
Português, porém não na lealdade

Desque passar a via mais que meia
Que ao Antárctico Pólo vai da Linha,
Dhua estatura quase giganteia
Homens verá, da terra ali vizinha;
E mais avante o Estreito que se arreia
Co nome dele agora, o qual caminha
pera outro mar e terra que fica onde
Com suas frias asas o Austro a esconde.
Luis de Camões, Os Lusíadas, canto X


O Sagres deverá ter saído ontem de Montevideu.
Mas a sua tripulação não saiu, de certeza, tão desiludida quanto a de Fernão de Magalhães - e o mais desiludido seria o próprio comandante - por terem constatado que a tão esperada passagem não era ali.
O mal-estar a bordo das naus estava instalado.

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020

A arte de marinhar

Através da sua conta do facebook, a Marinha Portuguesa - Volta ao Mundo do Navio-Escola Sagres explica:
«São vários os fatores que influenciam a navegação de um navio no mar. As correntes, a direção, altura e período da ondulação e vaga, a direção e força do vento são os exemplos básicos.
As previsões meteorológicas têm um grande impacto na nossa navegação. Ajustamos-mos à meteorologia: a mastreação, o velame, o rumo, a velocidade, as atividades diárias...»


A aproximação a Montevideu (Uruguai) foi a fase mais difícil da viagem, até agora.
«Durante o dia de ontem e a noite de hoje (dia 21) o navio passou por uma baixa pressão, que trouxe consigo ventos forte e ondulação com alturas entre os 5 e os 6 metros.»


Fernão de Magalhães passou por esta zona do oceano numa época do calendário muita próxima e também experimentou dificuldades - foi fugindo de uma tempestade que Magalhães entrou no golfo do rio da Prata.

Obra de um escritor uruguaio, investigador
de temas históricos
Nas comemorações espanholas dos 500 anos da viagem de circum-navegação, o navio-escola da armada espanhola, Juan Sebastián Elcano, também se encontra a realizar uma viagem, a qual partiu de Cádiz no passado dia 3 de novembro e passou por Montevideu no princípio do ano.
Mas esta viagem é mais curta, devendo terminar já em abril, depois de navegar apenas no Oceano Atlântico.

O Elcano em Montevideu

domingo, 16 de fevereiro de 2020

Já foi Guanabara - História do NE Sagres

O Albert Leo Schlageter ao ser lançado ao mar
(30 de outubro de 1937)
O Sagres deixou para trás a baía de Guanabara.
É curioso que o navio-escola já se chamou... Guanabara.
Tal aconteceu quando a embarcação esteve na posse da Marinha do Brasil (1948-1961).

O navio foi construído no estaleiro Blohm & Voss, em Hamburgo (1936-37). Destinava-se à Marinha alemã e chamava-se Albert Leo Schlageter (nome de um militar alemão, combatente na I Guerra Mundial).



A sua história com bandeira alemã foi muito conturbada, desde uma colisão na sua primeira viagem de instrução (1938) a um embate com uma mina (1944), durante a 2.ª Guerra Mundial.
Ficou para os EUA, quando da partilha dos despojos de guerra pelos vencedores. Foi cedido à Marinha do Brasil por uns simbólicos 5 mil dólares, em 1948.
Entrou a reboque na baía de Guanabara, para ser reparado, e tomou o nome da baía, o que já era tradição: foi o 5.º navio-escola com esse nome, no Brasil.

O Guanabara (ex-Albert Leo Schlageter e futuro Sagres)
Na proa mantinha-se a águia alemã.
Em 10 de outubro de 1961, quando o navio já estava parado há mais de dois anos, o Governo português adquiriu-o por 150 mil dólares, para substituir o anterior navio-escola, chamado Sagres e também construído na Alemanha (1896).
O "velho" Sagres, transformado em navio depósito, passou a chamar-se Santo André e o Guanabara herdou a função de navio-escola veleiro na Marinha Portuguesa e o nome de Sagres.
A sua primeira viagem com a bandeira portuguesa iniciou-se a 25 de abril de 1962.


A viagem continua, com a memória de Fernão de Magalhães.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2020

O navio-escola Sagres no Rio de Janeiro

O navio-escola Sagres já se encontra no Rio de Janeiro.
Depois de ter estado fundeado na Baía de Guanabara, atracou e estará aberto a visitas até 6.ª feira.

Recordemos Magalhães nessa baía, quando ainda não se registavam problemas de poluição.

«Do ponto de vista paisagístico, a baía do Rio de Janeiro não era, com certeza, menos bela, naqueles tempos idos, do que no seu actual esplendor citadino, e deve ter surgido aos olhos dos extenuados tripulantes como um verdadeiro paraíso. Rio de Janeiro, assim baptizado por ter sido descoberto no dia de São Januário, e erradamente chamado de Rio, por se supor que, por trás do emaranhado de ilhas, se encontraria a foz de um imponente curso de água, já naquele tempo estava na esfera de domínio dos portugueses. De acordo com as suas próprias instruções, não era sítio onde Magalhães devesse desembarcar. Mas como os portugueses ainda não tinham criado nenhuma feitoria e ainda não existia a ameaça de uma fortaleza com canhões defensivos, como a baía colorida ainda é realmente terra de ninguém, os navios espanhóis podem deslizar sem receio por entre as encantadoras ilhas que protegem a costa florida, e lançar ferro sem serem molestados. Mal se aproximam, logo os nativos, cheios de curiosidade e sem qualquer suspeita, se precipitam das cabanas e da floresta para receber aqueles soldados revestidos de armaduras.
(...) Pigafetta vai escrevendo incansavelmente as suas reportagens no livro de apontamentos, (...)»
Stefan Zweig, Magalhães - o homem e o seu feito

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2020

Rumo ao Sul

A 3 de fevereiro de 1520, Fernão de Magalhães rumou a sul, deixando para trás o rio da Prata e iniciando uma nova etapa da sua viagem.
A armada avançou para uma parte do mundo ainda não explorada pelos europeus.
Rumo ao sul, rumo ao desconhecido...


domingo, 2 de fevereiro de 2020

A exploração do rio da Prata

O historiador José Manuel Garcia, que será o maior especialista português da viagem de Fernão de Magalhães, diz que o estuário do rio da Prata «foi mandado explorar, tendo-se confirmado rapidamente que se tratava de um curso de água doce e não da tão procurada passagem para o "mar do Sul", como então se chamava o oceano que seria denominado de Pacífico, depois da viagem de Fernão de Magalhães.»


Mas as naus ali andaram, desde 10 de janeiro a 2 ou 3 de fevereiro.
Magalhães terá pensado, inicialmente, que se tratava do estreito tão procurado.
«Todos a bordo também estavam unanimemente convencidos de terem encontrado finalmente a tão ansiada passagem naquela ampla via marítima pois (...), ali a amplidão das águas expandia-se até ao infinito; aquele golfo só podia ser o início de um outro estreito de Gibraltar, de um outro canal da Mancha, de um outro Helesponto, unindo oceano com oceano. (...)
Quinze dias inteiros se passam, ou antes, se desperdiçam, numa busca vã pelo estuário do rio da Prata. Mal a tempestade, que os tinha acometido logo à chegada, amaina um pouco, Magalhães divide a frota. As naus mais pequenas são enviadas para ocidente pelo suposto canal (seguindo, na realidade, rio acima). Ao mesmo tempo, e sob o seu comando pessoal, as duas naus maiores atravessam o rio da Prata em direção ao sul, "por ver si habia pasage" e até onde os levaria ela. (...) Mas que amarga deceção!»
Stefan Zweig, Magalhães - o homem e o seu feito


O estreito, a existir, ficaria mais a sul.

sábado, 1 de fevereiro de 2020

No tempo de Magalhães não havia plásticos

Os plásticos estavam longe, portanto, de serem um problema.
Mas agora...

O navio-escola Sagres, durante a sua viagem de circum-navegação, encontra-se a colaborar em diversos projetos de investigação científica.
Um deles, em parceria com o Instituto Hidrográfico (IH), é relativo à presença de micro plásticos nos oceanos.
Fotografia de Marinha Portuguesa
«Diariamente, são bombeados cerca de mil litros de água salgada, os quais são primeiramente filtrados num peneiro com 0.05mm de malha e posteriormente passados por um filtro de 0,001mm, onde ficam armazenados. As amostras obtidas durante a missão vão ser conservadas, a bordo, para posteriormente serem analisadas pela divisão de química do IH.»