quinta-feira, 2 de abril de 2020

A contra-ofensiva de Fernão de Magalhães

Na manhã do dia 2 de abril de 1520, Fernão de Magalhães ficou a saber da rebelião quando da nau Concepción informaram que só recebiam ordens do capitão Gaspar Quesada.
Este capitão enviou uma carta a Magalhães, justificando a ação realizada.
Os capitães espanhóis consideravam-se marginalizados por Magalhães, porque este não lhes dava quaisquer informações nem os ouvia quanto às decisões a tomar. Eles também tinham responsabilidades e obrigações relativamente à frota e à sua tripulação. Reclamavam, portanto, um tratamento mais condigno e que fossem respeitadas as suas funções.


Mas Magalhães respondeu de uma forma que os capitães revoltosos não contariam.
Prendeu os marinheiros que tinham ido na chalupa (pequeno barco de apoio às naus) que Quesada enviara com a sua carta.
Fernão de Magalhães enviou essa chalupa à nau Victória, mas só com homens da sua confiança. Entre eles Gomez Espinosa, aguadil da armada* e fiel mestre de armas, que entregou ao capitão Luis de Mendoza um convite para um encontro com Fernão de Magalhães no navio-almirante, matando-o de seguida com um punhal.
O grupo de homens bem armados que seguia na pequena embarcação subiu a bordo da Victoria e assumiu o comando da nau, surpreendendo a tripulação.

Passaram a ser três, então, as naus do lado de Magalhães contra as duas dos amotinados. E as três naus dispuseram-se de forma a bloquear uma possível tentativa de saída da baía por parte da San Antonio e da Concepción.

Homens fiéis a Fernão de Magalhães controlaram, sem resistência, as duas embarcações rebeldes.
Os capitães revoltosos foram presos e Álvaro Mesquita foi libertado.
Magalhães recuperou o domínio da situação, mas terá ficado a pensar no que devia fazer.


«O rei atribuiu-lhe expressamente o direito ilimitado sobre vida e morte, mas os principais culpados são simultaneamente pessoas de confiança da coroa. Para manter a sua autoridade, Magalhães teria de aplicar um castigo exemplar, só que não pode castigar todos os amotinados.»
Stefan Zweig, Magalhães - o homem e o seu feito

Réplica do gabinete de Fernão de Magalhães na nau
(apesar da nau Victoria não ser aquela que Magalhães capitaneava)
(Museo Tematico Nao Victoria - San Julián)
Como poderia Magalhães continuar a viagem se tivesse de castigar severamente mais de um quinto da tripulação?

---
* Aguadil - Oficial de justiça nos navios espanhóis, encarregue de fazer cumprir as ordens judiciais, incluindo os castigos impostos aos delinquentes e a vigilância dos prisioneiros.

Sem comentários:

Enviar um comentário