Terá sido a 4 de abril de 1520 que foi feito juízo sumário dos envolvidos na rebelião.
«Depois da comida da manhã, desceram aos batéis e seguiram quase todos para terra. O que antes fora um altar transformou ele numa mesa de tribunal extraordinário, apenas com um manto cor de vinho que oscilava com o vento e a Bíblia sagrada. Mandou acender nova fogueira para aquecer os corpos, chamar a tripulação, e também os prisioneiros para que fossem julgados e sentenciados na frente de todos. Na mesa sentou-se Magalhães rodeado de homens armados - Espinosa era agora o seu braço forte e tinha montado uma guarda pessoal com os seus militares mais fiáveis. À sua frente foram arrojados todos os homens a sentenciar. Os seus corpos tremiam, de frio e de medo. Em tal juízo, só o padre Pedro de Valderrama ousou apelar à santidade do perdão por todos aqueles homens que se ajoelhavam à sua frente.»
João Morgado, Fernão de Magalhães e a ave-do-paraíso
Todos seriam condenados, mas os marinheiros e homens de armas - cerca de 40, entre eles Sebastian del Cano - far-lhe-iam falta. Acabaram por ser libertados.
A tripulação jura fidelidade a Fernão de Magalhães depois do motim |
Mas os cabecilhas foram condenados.
O capitão Gaspar de Quesada, que tinha apunhalado o mestre Juan Elorriaga - tinha cometido crime de sangue - foi condenado à morte.
O capitão Juan de Cartagena, que havia sido nomeado pelo próprio rei e que era sobrinho do bispo de Burgos (conselheiro real e presidente do Conselho das Índias, que fora decisivo no apoio do rei à expedição de Magalhães), foi condenado a ficar desterrado "para todo o sempre" naquela terra gélida da baía de San Julian, quando a armada partisse. Com ele ficaria o seu cúmplice, frei Pedro Sánchez de la Reina, capelão da nau Concepción, que sempre instigou à rebelião.
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