Foi através de Juan de Aranda, feitor da Casa de la Contratación, que se fez a aquisição das naus.
Primeiro (outubro de 1518?), a Trinidad, a Concepción e a Santiago. Em dezembro (?), a Victoria e a San Antonio.
Terão sido adquiridas em Cádis, cidade que se localiza na Costa da Luz, zona da Andaluzia banhada pelo Oceano Atlântico. A 125 km de Sevilha, onde Magalhães morava desde outubro de 1517, o porto de Cádis foi muito utilizado como ponto de partida dos navios espanhóis da época das descobertas, em direção ao Novo Mundo (continente americano).
Também há referência a Sanlúcar como local possível de aquisição de algumas das naus.
Não terá sido fácil a aquisição dos navios.
O cônsul português em Sevilha, Sebastião Álvares, escreveu a D. Manuel I: “sam muy velhos e remêdados. Eu entrey neiles algüas vezes e çertifico a vosa alteza que pa Canaria navegaria de maa vontade neles, porq’ seus liames sam de sebe”.
Não terão encontrado melhor pelo valor que foi pago!
Sevilha |
«É verdade que [Magalhães] já conhece estas cinco naus como a palma da mão. Ah, qual não fora o seu terror ao vê-las pela primeira vez, tão miseráveis, velhas, desmazeladas, usadas, compradas a toda a pressa! Mas de então para cá fez-se um bom trabalho; cada um dos velhos galeões foi completamente renovado, o entrecostado podre substituído por um novo, da quilha à ponta do mastro cada um foi breado e encerado, calafetado e baldeado. O próprio Magalhães verificou, uma a uma, se cada tábua, cada prancha não estaria apodrecida ou bichosa, examinou cada amarra, cada parafuso, cada prego. As velas, pintadas de fresco, são de linho resistente e ostentam a cruz de Santiago, padroeiro dos espanhóis; os filetes foram renovados, o metal polido, cada coisa se encontra, arrumada e limpa, no seu devido lugar; (…) Apesar de tudo, é um facto que estas chalupas bojudas e redondas não se tornaram embarcações velozes e tão pouco estão indicadas para regatas, mas graças à sua substancial largura e ao seu calado, oferecem muito espaço para carga e garantem uma certa segurança em situações de mar revolto: é precisamente por serem tão pesadas que, de acordo com as previsões terrenas, poderão resistir às mais violentas tempestades.»
Stefan Zweig, Magalhães - o homem e o seu feito
A armada tinha ficado pronta para a partida em agosto de 1519.
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