sexta-feira, 12 de junho de 2020

A captura de patagões

Os primeiros navegadores a atingirem partes da terra antes incógnitas tinham sempre a incumbência de trazer consigo alguns exemplares de plantas, minérios, animais e... outros humanos, representantes de grupos étnicos desconhecidos dos europeus.

Trazer patagões era um enorme desafio!...

Para os marinheiros, como escreveu Stefan Zweig, capturar vivo um tal "gigante" não é menos arriscado do que agarrar uma baleia pela barbatana.

Mas todos os meios serviam:

Foram oferecendo a dois patagões os pequenos presentes de que eles tanto gostavam, enchendo-lhes as mãos. Mostraram-lhes um par de grilhões que tilintavam da forma que muito lhes agradava. Os patagões deixaram, ingenuamente, que as correntes lhes fossem postas nos tornozelos.

Cerrados os fechos, os patagões estavam em condições de serem postos no navio, por muito que se procurassem defender.

«A Casa de Contratacion quer curiosidades! Indefesos, são arrastados para os navios, como bois subjugados, e aí acabarão por perecer miseravelmente à míngua de alimento. Este ataque pérfido dos "transmissores de cultura" destrói as boas relações de um só golpe. A partir daí, os patagãos mantêm-se afastados dos impostores (...)»
Stefan Zweig, Magalhães - o homem e o seu feito


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