quarta-feira, 8 de abril de 2020

A solução era ficarem por ali uns tempos

«Estava a começar a nevar de novo, o convés das naus estava branco, o vento mostrava-se agreste e uivava por entre as frestas de madeira da embarcação. O mar apresentava-se embrulhado, com vagas enormes, mesmo ali no resguardo da baía. As naus agitavam-se de tal forma, que até os marinheiros experimentados nas coisas do mar se mostravam nauseados. Além do mais, as águas arrastavam pedras de gelo que se desprendiam das falésias - era perigoso navegar nestas condições. Era temerário continuar.
(...) Impossível prosseguir com aqueles gelos? Sim, era verdade, Magalhães sabia disso, mas retornar também não era opção. Seria o seu fim. A solução era ficarem por ali uns tempos.»
João Morgado, Fernão de Magalhães e a ave-do-paraíso


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