domingo, 12 de janeiro de 2020

E acharam-se metidos em um rio de água doce

Estuário do rio da Prata visto de oeste para este
(o norte fica à esquerda e o sul à direita)
É enorme a quantidade de sedimentos arrastados para o estuário.
«(...) foram costeando (...) até o cabo de Santa Maria, que está em trinta e cinco graus daquela banda do sul (...) e daí até o rio da Prata, que ainda não era conhecido, e por ele na boca ser mui largo e não se ver terra de uma parte à outra, não sabiam determinar se era rio, mas suspeitavam que o devia ser, porquanto a água era doce e o fundo somente de três ou quatro braças. Por se certificar mandou o capitão surgir as naus, e surtas mandou certos homens em um esquife que fossem ver a terra; e acharam ser rio, polo qual mandou entrar as naus até perto de terra, onde vieram alguns gentios da parte do norte donde ele estava mais chegado, e trouxeram alguma prata, pelo que puseram nome ao rio, o rio da Prata.»
Fernando Oliveira (escrito entre 1560 e 1570, com base num livro - uma história da "viagem de Fernão de Magalhães escrita por um homem [Gonzalo Gomez de Espinosa] que foi na companhia")

A entrada dos navios no estuário terá sido motivada pela procura de um refúgio face aos ventos fortes que os fustigavam. Mas, mesmo que o temporal não o forçasse, seria natural que Fernão de Magalhães explorasse o rio da Prata, cuja embocadura forma um golfo de grandes dimensões.

A designação de rio da Prata será dada após a viagem de Magalhães e, na verdade, já por ali tinham navegado embarcações portuguesas e - com fatal insucesso - o espanhol Juan de Solís, quando andava em demanda da "mesma" passagem para o oceano Pacífico (1516). Inicialmente, o rio foi designado, pelos castelhanos, como rio Solís, em homenagem a esse navegador.

Os uruguaios comemoraram, em 2016, os 500 anos da chegada
dos espanhóis ao rio de Prata. Na praia houve uma reconstituição.
Monumento a Juan Diaz de Solís

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